quarta-feira, 30 de março de 2011

Vozes

O assunto de hoje é a voz humana nas suas diversas manifestações. Percebemos que as vozes são únicas e existem alguns fatores que influenciam no resultado sonoro. Em primeiro lugar, o fator étinico faz com que cada voz tenha sua particular sonoridade. Povos que possuem diferentes caixas cranianas, diferentes formatos de nariz/narina, diferentes tamanhos de caixas toráxicas possuem também diferentes sonoridades.

O idioma também influencia a produção sonora, podendo alguns povos terem uma sonoridade mais gutural (como os germânicos), outros tendendo a sonoridades mais nazais (orientais) e ainda sonoridades com ressonâncias mais expandidas (latinos).

É claro que todas essas variantes também são influenciadas pela cultura de cada povo, assim como sua tradição.


Tendo isto como ponto de partida, analisamos os timbres vocais que foram estabelecidos pela música ocidental.

Falamos das vozes trabalhadas que recebem papéis específicos nas óperas, por exemplo.


Soprano, Mezzo-soprano e contralto - para papéis femininos

Tenor, barítono e baixo - para papéis masculinos.


Essas vozes são as mais conhecidas, do ponto de vista solístico e coral, uma vez que são classificações já conhecidas pela maioria das pessoas que têm uma familiaridade com o universo vocal.


Mas existem algumas vozes que são raras, ou que podemos classificar de acordo com a tradição da música européia até do século XVIII.



São as vozes agudas que nesse período eram cantadas por vozes masculinas. Os grupos corais eram compostos por vozes masculinas - vozes adultas e infantis. No caso, os meninos que ainda não passaram pela puberdade, e com isso mantinham a voz aguda (sem a mudança vocal) cantavam como soprano e contralto.



Dessa forma, eles completavam a formação SATB:



Entre os meninos cantores, no entanto, poderia haver uma voz que se destacava como solista. Para preservar esta voz, que chamavam de 'voz de anjo' era realizada uma prática comum - a castração, isto é, uma cirurgia nos testículos que impedia a ação dos hormônios masculinos, resultando entre outras coisas, no impedimento do desenvolvimento da laringe do menino - resultando em uma voz infantil em um corpo de homem. Para esses homens com laringe infantil era dado o nome de castrato, no plural, castrati. Esta pratica ocorreu até o final do século XIX. O último castrato que se tem notícia foi Alessandro Moreschi (1858-1922). Ele foi o único solista que sofreu o processo de castração e que teve sua voz registrada em audio:




Existem outras categorias de vozes masculinas agudas utilizadas até os dias de hoje. O contratenor, uma voz masculina aguda inspirou muitos compositores do século XVIII.




Atualmente um nome se destaca no meio dos contratenores: Philippe Jaroussky.




Encontramos também, o sopranista (ou falsetista). Uma categoria de voz masculina aguda, que difere do castrato por ser uma voz trabalhada na região do falsete.




Grupos vocais masculinos também são muito comuns principalmente na Europa, onde existe uma tradição que se manteve desde o século XVII. Um desses grupos é o King Singers, que existe há 40 anos e que mantém a formação de SCTB - com vozes masculinas.



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